Diário de Treinos no Whatsapp - XXIV

(Rio, sexta, 04.11.22)

A Corrida, o Convívio e a Cura!

Foi aos 25 anos, em 1986, que eu tive crises renais e sangramento ao urinar, enquanto treinava para a Maratona do Rio: eram cálculos, revelados aos montes na radiografia. 

Mas eu não titubiei. Recorri a São Judas, pela cura, e fiz a prova levando a imagem do santo na mão.

A tal promessa de nada adiantou, em princípio, e o agravamento das crises me fez desistir do esporte. Certo dia, um amigo me disse que eu tinha feito errado: primeiro deveria obter a graça e depois cumprir a promessa (mas é claro: eu havia transferido minha dívida para o santo, pagando antes de receber!).

Tentei voltar a correr diversas vezes, nos 22 anos seguintes, sem sucesso. Algo, no entanto, acontecia: minhas crises renais foram ficando raras. Passei a expelir os cálculos, ao urinar, sentindo apenas incômodos (milagre?)... Eu estava convivendo com o meu problema!

Aos 47, quis ter um hobby e virei pintor. Foi bom, mas não durou muito tempo, pois... 

...Ao cruzar uma esquina, eu deparei com a sedutora Corrida acompanhada por outros atletas e no dia seguinte mergulhei em seus braços molhados e quentes! Não, eu não estava curado. Apenas não sofria mais, feito antes, um sofrimento emocional da não aceitação do problema!

Minha história se resume assim:

1. Em 1986 eu roguei pela cura; 

2. Sem possibilidade de cura imediata, tive que aprender a conviver com aquilo;

3. Esta aceitação desviou meu foco, e as dores físicas com fundo emocional cessaram;

4. Por fim, apesar do problema (que existe até hoje) voltei a ser corredor de longa distância!

Moral da história:

Ninguém almeja ter com algo negativo, dentro de si ou no entorno. Queremos nos livrar da bacia cheia de água suja do banho, mas não devemos esquecer de retirar o bebê primeiro.

Por fim: A felicidade não é obter a cura, mas pode ser obter o convivío consigo e com os outros.

TREINOS DO DIA:

5,08 km de corrida na pista da Oliveira Belo;

Ritmo: 5:14 / km.

Tempo: acima de 26m 36s

Até a parte XXV

Abraços!

Bira.

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