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(...) Enquanto eu corria, o céu azul estava ali. Ele abrigava passarinhos graciosos, pipas coloridas, urubus de voo sereno, nuvens robustas e um avião que vai para New York (...)

Montagem com recorte de foto pessoal e a imagem difusa do Shopping Via Brasil (Google Maps)...

Como a Corrida Dilui os Problemas?

Amigos!

Bastou que eu voltasse a correr para o mundo se mexer à minha volta. Pessoas, carro, árvore, casa, chão... O chacoalhar do movimento mistura tudo no olhar. Enquanto se corre, não dá para detalhar as imagens. Os sentidos se voltam à preservação da integridade física: A visão percebe o chão que está próximo ou a cinco, dez, vinte metros à frente. Ela atenta aos carros que surgem na esquina, à pipa voada que arrasta uma criminosa linha com cerol... A audição de um corredor, nas bordas do trânsito, está alerta ao barulho de um caminhão que se aproxima fora do campo da visão. O tato dos pés, mesmo protegidos, percebe o piso num trecho irregular, garantindo equilíbrio.

Neste estado de alerta cruzei a esquina e deparei com o Otimismo. Ele não tinha forma nem educação. Adentrou invisível pelas minhas narinas, invadiu o meu peito e, pela milésima vez, converteu minh'alma. Era mais um daqueles momentos em que todos problemas se tornam solúveis... Tentei me portar friamente e analisar o fato, pensando comigo mesmo:

- Como pode a corrida diluir os problemas mais difíceis?...

Foi quando um caminhão betoneira, mexendo concreto, quase parou ao meu lado. Na retenção do trânsito, em frente ao Shopping Via Brasil, eu sorri - achando que o fato era uma resposta velada à pergunta que eu acabara de fazer a mim mesmo:

- A corrida dilui problemas feito betoneira misturando concreto. Enquanto se corre, o olhar confunde os objetos (pessoas, carro, árvore, casa, chão e etc.) nas ilusões de ótica; o otimismo invade a quem o percebe sem entender como isso acontece... É que tudo perde a identidade individual. Tudo se mescla e integra um só elemento. É nessa hora, aparentemente confusa, que a mente descobre as soluções mais simples para os problemas da vida. É quando os problemas e as soluções se apresentam ao mesmo tempo, e se neutralizam, no universo indistinto das imagens difusas. Enquanto se corre, o mundo é uma betoneira sem limites circundada pela ilusão azul do céu...

Enquanto eu corria, o céu azul estava ali. Ele abrigava passarinhos graciosos, pipas coloridas, urubus de voo sereno, nuvens robustas e um avião que vai para New York... Cada uma dessas coisas aparentando serem objetos distintos, mas não eram, pois eu estava em movimento, vendo tudo se mesclar no meu entorno - otimista e diluído num universo indescritível...

Voltei!

Abraços!
Bira.


"(...) E Antônio Carlos lembrou que era atleta e às duas da madrugada, entre as esculturas de anjos e os sombrios e ciprestes, pôs-se a correr no campo dos mortos(...)"


Correndo no Cemitério


Montagem com foto pessoal de Antônio Carlos de Carvalho correndo no Cemitério de Verano, em Roma.

Amigos!

O frio intenso, da madrugada, circulava pelas ruas desertas de Roma e tinha um único companheiro: o brasileiro Antônio Carlos de Carvalho. Era março de 1993 – mês de inverno rigoroso e temperaturas tão baixas quanto a postura de cabeça daquele caminhante noturno, pelos arredores do Cemitério de Verano. Se a cidade dormia tranquila, Antônio não tinha a mesma sorte. Suas preocupações espantaram seu sono mais uma vez e caminhar pela noite foi um jeito de tentar resgatá-lo. Deprimido e se sentindo só, apesar de residir numa casa com mais oito brasileiros que, como ele, buscavam emprego em Roma. O ambiente na casa não era bom, melhor a companhia do frio. Alguns de seus amigos se drogavam ou ficavam embriagados e ele só tinha o dinheiro suficiente para pagar mais um mês do aluguel que dividia. Se não arrumasse biscates logo, voltaria frustrado para o Brasil onde ficaram esposa e filho.

Ao seu lado, o muro alto e imensamente longo do cemitério parecia intransponível. Perdido nos pensamentos Antônio caminhava e olhava para a parede de tijolos expostos, até que surgiu uma parte de muro quebrada, formando um acesso improvisado. Transpôs a passagem e deparou com ruas lisas e desertas, circulando e entranhando as quadras de túmulos. O brasileiro de São José do Goiabal, interior mineiro, não teve medo de assombração - ele já possuía seus próprios fantasmas... Lembrou que era atleta e às duas da madrugada, entre as esculturas de anjos e os sombrios e ciprestes, pôs-se a correr no campo dos mortos.

ONZE ANOS ANTES

Estamos maio de 1982. É manhã de um domingo de sol no bairro do Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Os funcionários do Grupo Santista chegam afoitos para o campeonato de atletismo da empresa, no complexo esportivo situado atrás da fábrica de tecidos. Entre eles está o jovem Antônio Carlos, que fora ali, apenas para jogar futebol. Ao chegar, no entanto, viu vários corredores se preparando para iniciar uma competição de pista. Curioso, aproximou-se e perguntou se poderia participar. Poderia; e sem nenhum preparo ganhou as duas corridas, de 1.500 e 3.000 metros, além de um convite para compor a equipe de corredores da Santista, feito por um impressionado treinador. No ano seguinte, o atleta já obtinha bons resultados nas competições e, certo dia, estava treinando no Parque Piqueri, quando avistou a equipe de corredores do Corinthians. Ousou se aproximar e pedir para fazer parte. Como resposta, o rigoroso treinador José Roberto lhe encarou e disse:

- Com nós você vira atleta ou morre! - para riso geral.

Tal resposta soou como um incentivo para Antônio Carlos. Era sua oportunidade de treinar com grandes atletas. Estaria entre os feras!... Mas foi logo apelidado de Cheira-Meia, já que era o último da fila nos treinamentos e competições. O Cheira-Meia continuou ali, ganhando experiência entre seus pares da elite. Certo dia, o técnico aplicou um treino que envolvia toda a equipe. Ao todo seriam percorridos 18 km na pista, da seguinte forma: Os primeiros 9 km seriam corridos no ritmo de 4 min. por km (4X1) e os 9km finais, no ritmo de 3min. por km (3X1). A cada 3 km, os atletas teriam um minuto de intervalo para recuperação.

A largada foi dada com toda a equipe e Cheira-Meia assumiu o lugar que lhe cabia, no final da fila. Ao término da primeira etapa, Cheira-Meia continuava na rabeira, mas sentia que estava bem e não quis se precipitar, seguindo na retaguarda. Quando o treino atingiu os 3.000 metros finais, o desgaste dos atletas já era evidente. Cheira-Meia simplesmente resolveu passar um a um, deixando para trás até quem tentou resistir. Seu técnico sorriu percebendo que o atleta,  nas últimas voltas, havia rodado muito abaixo dos 3X1 estabelecidos. A partir de então, o Ex-Cheira-Meia ganhou respeito geral, sendo convidado para todas as provas e torneios onde estaria a equipe.

Ao entrar para a elite, Antônio Carlos participou de corridas na Capital e Interior paulista, além do Sul do Brasil. Ganhou prêmios e patrocínios em consequência de um programa de incentivo ao esporte do Governo Sarney.  Somou esses rendimentos ao salário percebido na Santista e pôde se casar, em 1985. Cinco anos depois, com a troca de governo o programa de incentivo foi cortado e ele figurou entre os mais de 200 atletas órfãos. Não seria possível sobreviver em São Paulo, em 1992, mantendo mulher e filho, com os pífios dois salários mínimos que recebia na Santista. Enquanto a ministra Zélia Cardoso de Mello assustava o Brasil com o confisco da caderneta de poupança, Antônio abarrotou suas malas e partiu com a família de volta para João Molenvade, cidade vizinha à São José do Goiabal - onde nasceu.

Em João Molenvade, tentou vender pastéis e sucos de fruta, enquanto prestava concursos públicos para vários órgãos, sem obter sucesso. Formou um grupo de corredores com objetivo de atrair jovens e crianças carentes, denominando-o  ACORP - Associação de Corredores de Pista e Rua. As alegrias da corrida pelo interior, no entanto, não pagavam dívidas. Foi quando, no início de 1993, Antônio decidiu vender sua moto e comprar passagens para Roma, onde tentaria arrumar trabalho e dinheiro.

Antônio chegou à Itália com o dinheiro suficiente para três meses de aluguel. Economizava ao fazer refeições gratuitas na Caritas de Roma. Permaneceu dois meses em frente às lojas de materiais de construção, se oferecendo como ajudante de pedreiro, sem nada conseguir. Quando não estava ali, perambulava pelas ruas para aprender o idioma, já que na casa em que morava só havia brasileiros. Se o dinheiro não lhe tocava às mãos, via o tempo escorrer entre seus dedos. Quando o sol de Roma se deitava uma lua deprimida surgia diante de seus olhos trazendo o medo, a insônia e a depressão. De repente, o muro quebrado do cemitério lhe convidou a entrar e deparar, com a inusitada pista. Só lhe restava correr pelo campo santo e tentar exumar as emoções de seus melhores dias. Mesmo que fosse duas horas de uma madrugada fria. Mesmo que seu público visível fossem as imóveis estátuas e o invisível não pudesse se manifestar. Mesmo com tudo isso, Antônio Carlos de Carvalho estava de volta ao atletismo!

... Continua na Parte II

- Link para conferir as três postagens desta série Antônio, Boca e Coração!: 
http://www.birananet.com/search/label/Antonio%20-%20Boca%20e%20Cora%C3%A7%C3%A3o


Abraços!
Bira.


Corrida faz coisas boas virar rotina, como os movimentos repetidos de quem corre.

Amigos!

Não façam perguntas óbvias!... Perguntas do tipo: "O que a corrida lhe deu?" A resposta será sempre a mesma: "Me deu mais disposição, mais saúde, melhor auto-estima, novos amigos" e vai por aí...

Corrida faz coisas boas virar rotina, como os movimentos repetidos de quem corre. Ontem, um amigo que não corre falou em tons pejorativos que "a corrida é um vício!"... Eu concordei e fui treinar - não vou ficar me explicando na hora do treino!

O fato é que vou fazer seis anos de retorno à corrida e para comemorar, escolhi retratar três amigos, representando a todos os demais. Para fazer as imagens em movimento, fiquei parado o dia inteiro diante do computador. Copiei fotos, recortei, colei, escalonei, girei, inverti e etc. Utilizei os programas GIMP e Paint, em mais uma bricadeira: Foi minha forma de dizer obrigado!


Jorge Ultramaratonista: O corredor mais apaixonado que eu conheço!




Jorge Ultramaratonista foi um dos corredores que mais me impressionou nesses 6 anos... Não fosse pelas suas  maratonas de 24 h, mas por todas as vezes que ele foi correndo para casa (do Aterro à Sulacap) ao final de mais uma corrida. Enquanto todos já não viam a hora de descansar, nosso amigo dava adeus para encarar mais 30 km!


A Metamorfose de Ozéias!









Foi Ozéias Carlos Lira que me convidou para treinar com a turma. Quando eu fiquei sabendo que ele já foi obeso, levei um susto e publiquei sua história (veja  na postagem: "Diga-me com Quem Corres?"). Nas imagens acima o Ozéias obeso se transforma em corredor - e futuro Educador Físico.


Adriano Molinaro: O amigo se foi e no peito ficou a saudade.




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Se o treino foi bom, a gente lembra do Adriano. Se a corrida foi boa, também. "Certamente ele estaria aqui, divertindo-se conosco..." - alguém comenta, sem perceber que ele, ali, ainda está.

Em nosso peito de corredor pulsante Adriano corre muito mais do que corria na paisagem.

Abraços!
Bira.
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(...) Os meses passaram esvaziando os pneuzinhos da barriga e inflando o seu ego. Para melhorar o desempenho nas provas, você foi fazer musculação (...)

Montagem composta com recortes de fotos pessoais - Bira, 13-04-13.

A Falta que a Corrida Faz

Amigos!

Quando você resolveu abandonar o sedentarismo e começar a correr era uma bela tarde de sábado. Cheio de coragem, você resgatou um par de tênis empoeirados lá do fundo do armário, onde eram pisoteados pelos demais calçados. Não eram tênis de corrida, mas daria pra quebrar o galho. Enfiou-se num calção surrado e, na falta de camiseta apropriada, vestiu a de seu clube de futebol. Quem te viu cruzar a esquina, nas primeiras passadas, teve dúvidas se você estaria praticando corrida ou seguindo atrasado pra jogar uma pelada. Seu abdome um pouco avantajado chacoalhava fora de ritmo. Seu coração, no entanto, tinha ritmo, só que cada vez mais rápido. Seus pulmões bebiam o ar capturado pela boca. O ar que lhe secava as narinas e garganta. O ar que trocando de vias, internas e externas, desrespeitava as fronteiras entre você e restante do mundo. Se a corrida provocava um aumento de intensidade nessa troca, você se expandia, tornando-se um ser sem forma ou tamanho, ou do tamanho do mundo. Diante da falta de fôlego e condicionamento, no entanto, você nem podia perceber que isso tudo acontecia. Só sabia que nem tinha chegado ao verdadeiro local do treino - uma pista para de caminhada situada há dois quilômetros de sua casa - e já estava difícil continuar correndo.

Lá chegando você se animou ao ver gerações em movimento - uma mistura de cores e idades sobre o asfalto demarcado. A vontade de pertencer àquele cordão lhe fez esquecer o cansaço e dar dez voltas moderadas na pista. Após o treino, você bebeu fartos goles de água gelada, intercalada com a respiração ofegante. Sua mente sorveu endorfina e otimismo. Sua alma deu saltos invisíveis de visível alegria!

Mas foi na ressaca física da manhã seguinte que doeram os joelhos, panturrilhas e coxas. Ao invés da endorfina impulsionando a mente, havia ácido lático travando os doloridos músculos. Você chegou a pensar que nunca mais iria correr quando se abaixou, às duras penas, e pegou a mangueira que usaria para regar o jardim. Seu desânimo descoloriu as flores do canteiro sedento, até que seu cachorro latiu se atirando contra o portão. Não foi o carteiro nem o marcador de luz que provocaram os instintos caninos. Foi um corredor passando à margem da rua. Um homem com idade aproximada de setenta anos, biotipo, trajes e jeito de corredor... Você pensou: "Se ele pode eu também posso!" - e foi nesse momento que o orgulho lhe salvou! Você decidiu que assim que as dores passassem, voltaria a correr.

Não demorou muito tempo para você comprar um par de tênis absurdamente colorido e caro, dividido em 10 parcelas no cartão de crédito. Participou de sua primeira corrida de rua, largando entre 10 mil corredores no Circuíto das Estações. Já era capaz de explicar para os amigos sedentários a diferença entre pisada pronada, supinada e neutra. Seu ciclo de amigos virtuais quadruplicou no Facebook, então infestado de corredores. Sua caixa de e-mail passou a acumular convites de inscrição em corridas ou de venda de produtos esportivos.

Os meses passaram esvaziando os pneuzinhos da barriga e inflando o seu ego. Para melhorar o desempenho nas provas, você foi fazer musculação. Quis fazer todas as corridas de 10 km daquele ano. Colecionou medalhas e camisetas coloridas. Quebrou sucessivamente seus recordes pessoais. Quando pensou que já estava abafando, conheceu um grupo de corredores que o convidou para fazer longões. Aceitou o convite, achando que seria moleza - não era: O pessoal corria forte, sorrindo e falando o tempo todo, enquanto você mal respirava!... Mesmo assim passou no teste e retornou várias vezes até fazer parte do grupo. Logo você já corria forte, sorrindo e falando, igualzinho aos demais... Foi demais!

Fora da corrida, você era exemplo. Era visto com admiração e, por sua causa, vários amigos começaram a correr. Mudanças saudáveis de hábito ocorreram naturalmente, como parte de uma cultura incorporada e alimentada pelos artigos de revistas, livros e palestras esportivas. Fez a primeira maratona (42 km) e cruzou a linha de chegada chorando. Era um choro de emoção indescritível, compreensível apenas àqueles que já completaram essa longa corrida. Correu cidades, correu estados, correu o mundo e descobriu o seu próprio tamanho. Percebeu que, enquanto ser visível, você tem a dimensão de todo o espaço por onde o oxigênio se espalha.

Quando você ficou lesionado relutou em acreditar que seria por muito tempo. Uma semana, no entanto, não foi bastante para lhe devolver ao mundo da corrida. Foram necessários seis meses sofridos, doídos no físico pela inflamação do músculo e na alma pela inflamação do medo. Medo de perder o contato com o mundo da corrida repleto de amigos, cores e endorfina. Agora você sabe a falta que a corrida faz e fará tudo para ultrapassar os 70 anos, correndo igual aquele homem que passou à margem da rua, fazendo seu cachorro invejoso latir e o seu orgulho proclamar: "Vou voltar a correr!", tomando a decisão que mudou sua vida.

Abraços!
Bira.                                                      
(...) O que a gente vai mostrar agora é a turma lá de trás. Aqueles que correm solitários na "rabeira", como um deles mesmo descreveu. Onde a última garrafa d'água já secou e não sobrou ninguém para observá-los (...)


Montagem com recortes das imagens da Corrida de São Sebastião.

Nossos Maravilhosos Últimos Colocados

Amigos!

Sem essa de filmar corredor de elite... De elogiar os quenianos mas depois dizer que eles corriam de leão, quando crianças. Sem essa mostrar os campeões no pódio! O que a gente vai mostrar agora é a turma lá de trás. Aqueles que correm solitários na "rabeira", como um deles mesmo descreveu. Onde a última garrafa d'água já secou e não sobrou ninguém para observá-los.

Enquanto toda imprensa entrevista e fotografa os heróis do pódio, BiraNaNet joga seu foco para onde ninguém se lembrou de olhar: Os Nossos Maravilhosos Últimos Colocados!

Veja no vídeo abaixo as amigas Felizmina e Tereza que quase perderam a chance de correr ao largarem 11 min depois. Ainda nos metros iniciais, a primeira relatou que estava ali para reforçar seu propósito de emagrecer. No km2, Fabi monstra que está grávida de quatro meses e, toda boba, revela que vai saber o sexo do neném no dia seguinte. Quando eu me aproximei de outra corredora no km3, ela rechaçou a ideia de que estaria entre as últimas: "Olha quanta gente vem aí atrás!..." Duas moças da Equipe Runners corriam tranquilas no km5, sem pressa e "curtindo o visual" e o Dagoberto, no km6, criticou os "apressadinhos" e defendeu as tartarugas que vão devagar mas sempre chegam.

Na Enseada de Botafogo, Érica tomava conta da placa dos 8km. Perguntei se tinha vontade de correr e ela respondeu: "Tenho e não tenho..." - para entender, só vendo o vídeo. Nessa hora A.C. se aproximava e não  gostou quando eu lhe disse que estava entre os últimos. Usou a estratégia de me jogar no bolo e dizer que eu também era último... Tudo bem, dei o iPhone para ele e deixei que me entrevistasse - não seja por isso!...

Próximo à linha de chegada, esperei bastante pelo legítimo último colocado. Com duas horas de corrida, surgiu um casal á frente de meia dúzia de batedores motorizados e uma ambulância. Entrevistei Patrício e Leila que caminharam nos 10km do percurso. Então as buzinas e sirenes começaram a soar. O público se aproximou para aplaudir. O incentivo fez o casal ensaiar seu primeiro trote a poucos metros do pórtico. Titubearam um pouco, mas concluíram trotando para depois trocarem um beijo!



Enquanto a imprensa se preocupava com quenianos "que correm de leões", BiraNaNet seguia gente, como o Dagoberto, amante das tartarugas e um casal amante, que transformou a Corrida de São Sebastião numa peça de teatro, ao cruzarem a linha de chegada e unirem seus lábios enquanto as cortinas se fecham.

Abraços!
Bira