Colcha de Retalhos II

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Amigos!

Continuei garimpando retalhos do blog e costurei essa nova colcha. É curioso chamar algo recomposto de "novo", como essa postagem. Novidade e surpresa, no entanto, não se desprende dos bons momentos... Se você ainda não tem um blog, construa. Deixa passar alguns anos e releia o que escreveu... Surpreenda-se de novo consigo mesmo!


Retalhos do Blog - imagem montada com Gimp e Paint.





... Pronto!... A última curva foi feita e faltam apenas 500 metros para a linha de chegada! 500 metros traduzidos em intermináveis dois minutos! Não penso nada a não ser em chegar, aliás, nem penso apenas corro. Depois de sete meses no estaleiro, para sarar a coxa, eu estava ali de novo. Tentando vencer a falta de ritmo e o meu amigo Hélio Galhardo, que veio ofegante, lá de trás, e equiparou-se comigo no Elevado das Bandeiras, quando faltavam dois quilômetros para a chegada. Debilitado, eu já estava perdendo a esperança de completar a prova abaixo de 1h e 40m, minha meta, quando o Hélio surgiu como um sinal de que eu poderia reagir se tentasse me manter ao seu lado. Na saída do Túnel São Conrado, a descida impulsionou nossas passadas.  Alternamos de posição até desembocar ali, a 500 metros da chegada, na Praia de São Conrado. Meu corpo exausto ainda teria pela frente dois minutos, então corri com a emoção. Retirei os fones de ouvido e me atirei naquele curto tempo onde cabia toda a vida e completei a prova em 1h38m45

Pronto!... Estou de volta!... postado em jul/2012.





... Blogueiros narcisos só falam das vitórias. Para mascarar meu narcisismo, no entanto, eu também conto os fracassos e então até pareço humilde - Lobo em pele de cordeiro! - diriam os inimigos. Sacana, debochado, pretencioso!... diriam os demais. Eu não digo nada, apenas escrevo para descansar das corridas...

...Por volta do Km34, meus pés doeram como se estivesse pisando em brasas. Caminhei uns duzentos metros e voltei a correr no braseiro para retornar a caminhar depois. Passei a mão no ombro e senti os cristais de sal, arranhando a pele como areia. O sal também permeava entre fino tecido da bermuda, formando manchas brancas. Por sorte, ou devido à musculação, não senti dores nos ombros. Quando voltei a "correr" fui ultrapassado por uma patricinha saltitante e não me conformei apertando o passo e deixando-a para trás. Esgotado, quase voltei a ser ultrapassado de novo pela moça que saltitava. Reagi, até que me vi, patético, disputando posição com a frágil criatura num ritmo de aproximadamente 6min por km (que vergonha!), desisti e caminhei de novo para ver a menina se distanciar com seu rabinho de cavalo louro e esvoaçante. Tanta gente mais me passou!... Magros, gordos, altos, baixos, novos, velhos... Voltei a trotar nos últimos 4 km e concluí em 4h a Maratona mais Rápida do Brasil... postado em mai/2011.



... A luz amarela do sol da manhã banhava de ouro as casas de Cordovil e realçava o bronze da pele daquela moça, que caminhava na calçada. Seus cabelos fartos estavam presos e  seus olhos ainda continham o brilho das estrelas que a pouco se apagaram. A moça vestida de atleta, refletia no olhar sua paixão pela corrida, horas antes de uma competição.


O movimento é sempre pouco nas primeiras horas de um domingo suburbano. O frescor se mistura ao silêncio e é possível ouvir o canto distante de um galo. Àquela hora, poucos vira-latas ainda xingam quem passa. Poucos carros soltam rosnados, babando fumaça. O tempo não quer correr para quem espera. Então a corredora consulta o relógio e, no gesto, percebe que alguém se aproxima. Era uma mulher de salto alto, vestido justo, dourado com paetês cintilantes. "Nossa!... Que show! Deve ser uma passista" - concluiu a corredora com pensamentos e sentidos tão velozes que pareciam transformar os movimentos daquela mulher em câmera lenta... postado em jun/2012





...Quis falar do fim do mundo nesse blog, mas tem tanta gente melhor do que eu fazendo o mesmo que quase desisti. Não entendo do assunto e não vou ficar aqui cozinhando textos extraídos de outros sites... Então pensei em pegar o tablet e entrevistar pessoas pelo Centro, na hora do almoço. Escolhi o Largo da Carioca. Faltava eu chamar outro "maluco" para me acompanhar, então pensei no meu compadre Ivan Cândido. Ele foi de câmera-man e eu de repórter entrevistador. Ninguém sabia direito o que estava fazendo, mas vamos falar a verdade: a maioria dos nossos entrevistados também não aparentava entender do que falava... (a postagem contém vídeo)  postado em dez/2012.




(...) - Quando eu descobri que estava muito doente, em 2008, meu amigo Paulo César começou a me evitar estranhamente. Ele tinha medo que eu morresse. Certo dia, encontrei com ele e prometi que ficaria curado e, assim que isso ocorresse, iríamos fazer uma caminhada Maceió - São Miguel. Nessa hora Débora - uma amiga corredora - passou e firmou promessa: "Eu vou nessa também!" Uma outra corredora - Dani - surgiu e disse: "To nessa!" Olha que eu ainda ia me tratar, mas as meninas disseram: "É melhor a gente abrir para toda a galera!"

Um ano depois, Walter estava curado do câncer e no boca-a-boca foram reunidas 26 pessoas para a caminhada. Saíram de Maceió às 6h de 10 de agosto de 2010. Como havia muitos "marinheiros de primeira viagem" foi combinada uma parada em Paripueira, onde dormiriam para continuar na manhã seguinte... postado em dez/2013.





...O melhor de BA Maratón, no entanto, estava por vir. Quando percorremos as docas de Porto Madero, na altura dos quilômetros 30. Quando as forças dos corredores começavam a exaurir, uma música instrumental surgiu ao longe. Na medida que nos aproximamos, aumentava o som e o envolvimento da melodia. Então vimos um corredor de pessoas aplaudindo e incentivando quem passava. Elas vestiam coletes de onde despendiam hastes, por traz dos ombros, que sustentavam cartazes sobre a cabeça, com as inscrições: "Força!... Você consegue!..." e etc.Entre as música e os gestos habitavam anjos invisíveis!... Sim!... Naquele lugar havia anjos e uma força indescritível invadia a alma.  Eu não tive mais dúvidas de que completaria a prova!... postado em out/2012.




...O tempo é curto, até para os depressivos que escolhem não fazer. Então “faça duas vezes antes de pensar”, mas faça! Depois colha os cacos dos jarros partidos, retire os tapetes e encere seu chão. Aplique tintura nos cabelos e Facebook nas ausências. Aplique-se no tempo. Sou aquele centro-avante que não teve tempo de escolher o canto onde chutar ou o goleiro que precisa defender por reflexo. É tudo rápido, feito rima sem nexo.
- Onde eu cheguei e o que faço para passar essa mensagem?
- E você?
- Quando questionou o que faz?
- O que fez ou deixou de fazer ultimamente?... postado em set/2011


*                *               *                *               *

Os retalhos de colcha são diferentes dos retalhos da vida. Bastaria uma fita métrica para medir os primeiros, mas retalhos de vida não se medem com o tempo. Lembra daquela pergunta: "O que você faria hoje se soubesse que o mundo vai acabar amanhã?" A resposta correta é: "Faria uma nova vida com o tempo que me restasse... Uma vida tão intensa que coubesse em 24 horas ou apenas em dois minutos, como o título da nossa primeira postagem!"

Abraço!
Bira.
Leia também: COLCHA DE RETALHOS (parte I)

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