Corrida: Paixão Sem Fim...

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Corrida: Paixão Sem Fim...

Corrida Sem Fim - Recorte de foto pessoal com imagem da internet - Bira, 30-01-16.

Amigos!

1- Foram Duas Décadas Sem Correr...

Meus olhos sempre brilhavam quando alguém passava correndo. Era um brilho de esperança, que me fazia tentar voltar a correr e fracassar mais uma vez. Ao longo de 22 anos, entre 1986 e 2008, eu permaneci desiludido, achando que "esse esporte não foi feito para mim". Dores no joelho, sangramento na urina e crises de cálculos renais era o que sempre me abatia. Só me restava aplacar a frustração com trabalho voluntário. Era o que eu fazia, até que um novo corredor cruzasse meu caminho, levando-me a tentar correr de novo...

Quando fiz 48 anos quis mudar de atividades. Desisti do voluntariado e comecei a pintar quadros. Eram telas coloridas e grandes, absorvendo meu tempo e minha alma. Assim fiquei por um tempo, até que outro corredor cruzou meu caminho...

2- Foi o Milagre da Volta...

... Na verdade, eram dois corredores, mas um deles chamava atenção. Era começo de noite na, pouco movimentada, Avenida Vicente Carvalho. Acho que era inverno, porque já estava ficando escuro. Aquele velho corredor devia ter mais de 70 anos e trotava, tranquilamente, ladeado por outro que poderia ser seu neto. Meus olhos reluziram de novo. Bem mais do que os faróis da avenida. Meu pensamento saiu pela boca:

-- Parabéns!... Que Deus te dê muita saúde, velho corredor! - desejei, para não sentir inveja.

No dia seguinte eu abri o armário para conferir se meus surrados tênis estavam lá. Em outra gaveta jazia um short e uma camiseta, que eu havia comprado para (quem sabe?) tentar voltar a correr um dia. Anunciei, solenemente, à família que voltaria a correr, mas ninguém acreditou...

-- Tudo bem!... - meu pensamento saiu de novo pela boca -- Vou mostrar para todos que eu vou conseguir!

3- Foi uma Decisão e Vários Amigos...

Não foi fácil voltar, nos arredores dos 50 anos. Os joelhos quiseram impedir, logo de cara, mas a musculação para o reforço das pernas aplacou a dor. Diante disso, os cálculos renais foram expelidos naturalmente, com raros momentos de crise... Milagre!.. Eu estava dando um salto no tempo, diretamente dos anos 80. Foi naquela época que fiz três maratonas, apenas no oba-oba. Apenas para provar a mim mesmo que eu era capaz. Eu não tinha muita informação, nem a real consciência do fato.

Voltando a 2008, quando eu redescobri a corrida, deixei a pintura de lado. Optei por ter mais saúde, alegria e amigos. Os amigos de corrida exalam vigor e beta endorfina. Eles são muito diferentes dos amigos que eu tinha. As vezes parecem que estão dopados daquela droga natural, besuntados no suor e euforia. Suas mentes não param, mesmo quando seus corpos descansam. Suas pernas inquietas, se pudessem, desprenderiam do corpo para nunca mais parar... Meus amigos de corrida são tolos, ridículos e maravilhosos!... Felizes do jeito que eu sempre quis ser!

4- Foi a Solidão e a Paixão...

E foi assim que eu quebrei a barreira dos 50. Vi corredores amigos chegarem e outros partirem, quando aprendi a partir também. Várias vezes fui correr sozinho e me vi fazendo amor com a cidade. Deslizei meu afago nas suas curvas. Derramei meu suor no asfalto feito um amante, sobre o corpo da amada. Suportei o exílio das lesões, abstinente do carinho dos amigos ou dos afagos da cidade... Dias desses voltei, depois de ficar mais de um ano parado. Muita gente eu não vi, como dizem: "A fila anda!..." A cidade, no entanto, estava ali esperando meu afago. Em princípio, tentei fazer amor com ela mas faltava fôlego. Aos poucos, recuperei a capacidade de penetrar nas suas ruas, horas a fio... Apaixonei-me de novo! 

Abraços!

Bira.



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