Histórias de Medalhas - Corrida da Ponte'11

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Amigos!

Medalha da Corrida da Ponte sobre imagem de internet. Bira, 22-05-17.

Fechei os olhosmeti a mão na caixa de medalhas e sorteei a medalha da Corrida da Ponte 2011... "Que bom!... Vou começar esta série descrevendo uma corrida que deixou saudades!" - pensei... Então, Vamos conferir essa história?

Histórias de Medalhas - Corrida da Ponte'11

Confesso que eu trato mal minhas medalhas de corrida. Elas não ficam expostas em portas-medalhas, mas jazem nas gavetas, feito defuntos no cemitério. Isso até pode ser descuido, mas não é desfeita: volta e meia eu as visito, como o familiar que põe flores na sepultura de um ente. É que eu sei o quanto valeu cada corrida, nem tanto pelas provas, mas pelos [treinos, amigos, viagens...] que fiz. Fiz viagens marcantes, em algumas sequer peguei ônibus ou avião: Bastou-me calçar os tênis e correr pelo bairro.

Atrás de cada medalha, uma história; atrás de todas, uma vida...

BARCA

Em maio de 2011 fui fazer uma das provas mais cobiçadas da época: a Corrida na Ponte. Cruzar a baía correndo era, no mínimo, excitante para oito mil atletas. A maioria saiu do Rio e pegou a barca, na Praça XV, tão logo o sol tinha nascido. Repleta de corredores, a embarcação ficou em festa. Muita gente se reencontrou naqueles 20 minutos de travessia. O burburinho causado competia com o chacoalhar das ondas. As águas do mar faziam tudo se mover, menos ela: A Ponte! Aquele monumento era um gigante adormecido sobre a baía, assustando uma corredora iniciante, que ficou imaginando coisas e fez a pergunta:

-- Será que venta muito e a Ponte fica balançando no vão central?

Desembarquei, em Niterói, sem saber exatamente que direção tomar, mas isso não foi necessário. Bastou seguir o fluxo dos corredores, sem perguntar, que em poucos minutos cheguei ao Caminho Niemeyer - local da largada. Fiquei surpreso com a beleza do Teatro Popular, encontrei mais amigos e tirei fotos. Conversei um pouco, antes de entrar no grid e depois largar.

PONTE

O público festejava os corredores nos primeiros dois quilômetros, percorridos nas ruas de Niterói. O calor da plateia não deixou que eu notasse o calor do ambiente. Foi quando cheguei à Ponte e atravessei o pedágio que o sol bateu forte nos meus ombros. O vento, no entanto, não estava ali para soprar. Nem no temido vão central ele soprou, para alívio da corredora que estava com medo na barca. Vi gaivotas plainando e pensei: "Como conseguem sem vento??" Vi navios ancorados, submersos na névoa que se espalhou sobre as águas.

Um resfriado mal-curado resolveu me atacar, bem no meio da Ponte. Senti meu peito congestionado e não tive energia para acelerar. Comecei a sofrer, ainda no meio da prova, mas prossegui. Foi duro ver corredores me ultrapassando, com paces inferiores aos meus ritmos de treino. Quase parei para caminhar um pouco (acho até que caminhei, não me lembro bem). Mesmo assim venci os 14 km de Ponte. Sem descer do viaduto, migrei para a falecida Perimetral - elevado que ligava a Ponte ao Aterro. Meu ritmo lento recuperou as forças e eu até pensei em acelerar, mas não valia à pena - eu já tinha perdido muito tempo. Sem pressa, desembarquei da Perimetral nas proximidades do Aterro - local de chegada - e completei os 21,4 km da prova.

ATERRO

Depois da corrida, ouvi muita gente reclamar do clima abafado. Enquanto isso, o sol assumiu seu lugar no meio do céu. Seu brilho afugentou a névoa e restaurou o azul. As gramas do Aterro verdejaram, como sempre, embaixo dos tênis coloridos e cansados. Ao lado do pódio, um locutor animado anunciou os resultados e ainda saudou um ou outro corredor que chegasse. Os chuveiros da dispersão eram doces, e os corredores eram crianças, na disputa.

Mais gente se encontrou, e se abraçou, e falou da prova, e mostrou marca do tênis, e falou de tudo que os corredores falam na Ponte da Vida.

Abraços!

Bira.

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