Quem é o Dono da Terra?

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Amigos!


Finalmente eu e Edna passamos alguns dias (mais precisamente 5) fora do Rio e da rotina. Individualmente eu não posso dizer que estivesse carente de fazer um passeio, faz pouco tempo que estive correndo em Belo Horizonte, Porto Alegre, Buenos Aires e etc, mas sempre fui sozinho. Além do mais, mesmo que estivesse com a Edna nestas corridas, não seria a mesma coisa para o casal. Uma coisa é um casal viajar em função de um evento, outra é viajar por eles mesmos. E assim nós fomos para Recife e Porto de Galinhas.


Chegamos na tarde de sexta-feira, 22/10/10, na capital pernambucana. O cansaço de dois vôos atrasados atirou nossos corpos de chumbo na cama do excelente hotel. Foi preciso coragem para se livrar da maciez da espuma, tomar um banho e trocar de roupa. Mas se a noite não espera para chegar, tínhamos que aproveitar as últimas horas de luz natural para visitar Olinda.


O céu cinzento logo ficaria negro e sem brilho de estrelas. Não daria tempo de ver muita coisa, além das fachadas de igrejas fechadas, violeiros, toalhas de rendas e alguns ateliês, numa espécie de degustação - fast-tuor, fast-food - tapioca de coco com coca-cola e corra que lá vem a chuva!... Os planos de petiscar à noite no Recife Antigo foram por água abaixo. Terminamos comendo pizza no grandioso Shopping Recife, a oito quadras do hotel.

Na manhã seguinte a chuva só piorou. Corri uma hora e meia no calçadão da Praia de Boa Viagem, desviando de poças e atento à água que os pneus atiram na calçada. Minha mulher nem se animou para dar uma olhada na praia, debaixo de chuva. Por R$100,00, um taxi nos levou à pousada em Porto de Galinhas. Como não parou de chover, passeamos na cidade olhando lojas e voltamos cedo para a pousada, torcendo pela vitória do sol em sua batalha contra as nuvens.
 
Quando acordei na manhã de domingo, ainda nem haviam servido café no restaurante da pousada. Comi algum biscoito e saí pra correr pela estrada. Percebi melhor que a cidade - Ipojuca - está se preparando como nunca para este verão. A estrada que conduz a Porto de Galinhas está ganhando iluminação sem fios aparentes, asfalto liso e belas calçadas com ciclovia e pista para caminhada. Fiquei feliz em ver que o nordeste está progredindo. Este povo lindo, acolhedor e humano merece ter sustento em sua própria terra. Durante a viagem de taxi, já tinha observado as obras da refinaria Abreu e Lima e obras de abastecimento. Tubulações que conduzirão água da Bacia do São Francisco às cidades nordestinas. Enquanto corria, lembrava do relato orgulhoso e vibrante do taxista ao descrever o progresso de seu Pernambuco. Mesmo sendo de manhã, durou pouco para que eu retirasse a camiseta no calor do nordeste. Corri uns oito quilômetros de asfalto até desembocar na Praia de Macaraípe, reduto dos surfistas. Ali perto as obras já estavam quase concluídas e eu já me sentia feliz imaginando tudo pronto, quando avistei ao lado da pista vária demarcações no terreno. Barracos eram erguidos, maculando o paisagismo antes mesmo de sua conclusão. Automaticamente fiquei indignado, ainda correndo, me perguntando: "De que vale investir tanto nesta bela obra, se já está surgindo uma favela ao longo do caminho?" Enquanto isso, um "invasor" remexia em um canteiro, plantando ou colhendo verduras. Uma mulher abriu a porta de seu barraco e me viu passando na estrada. Sem perceber meu olhar crítico, oculto pelas lentes espelhadas dos óculos de sol, ela abriu um belo sorriso de falou com uma voz que vinha do coração: "Bom-dia!..." Quase tropecei em suas palavras, mas respondi prontamente: "Bom-dia!..." Se minhas pernas não pararam, minha mente deu um nó. Eu ali, na condição de turista, julgando saber o que é melhor para a cidade. Deparando com barracos e esquecendo que dentro deles tem gente que também merece um teto. Foi preciso ouvir aquele "bom-dia" para pensar nisso. Senti-me um pouco culpado.


Afinal de contas, a quem pertence a terra? Ao turista que não quer ver barraco fincado à beira da estrada? Ao comerciante que quer ver mais turista? Ao desprovido que levanta seu teto onde é possível?...



Não deu para responder tanta pergunta do mesmo jeito que pude responder ao inesperado "bom-dia". Distraí a mente retornando à pousada, desta vez, correndo pelas praias. A chuva se foi e prevaleceu o mormaço na manhã e tarde de domingo. A praia ficou cheia

 .

Na segunda o céu sorria exibindo um sol branco-colgate. O vento soprava forte nas velas das jangadas. As piscinas naturais, mais uma vez, estavam repletas de peixes coloridos. Bares sobre rodas se deslocavam nas areias vendendo coqueteis e tocando música. A doce pina-colada custava R$10,00 e era preparada com vodca e frutas dentro de um abacaxi sem poupa. O peixe frito com macaxeira e salada, servido na praia, estava uma delícia. Só saímos dali no fim da tarde.

 
Na terça fizemos o passeio de ponta-a-ponta, conduzido pelo buggy que estaciona em quatro praias entre Maracaípe e Muro Alto. Nesta última eu não resisti à tentação de correr sobre uma areia batida e de cor branco-pérola, até bem próximo do Porto de Suape - ida e vota, uns 5 km em ritmo forte - uma beleza! Em Maracaípe a extensão de areia parecia não ter fim, até que se chegasse ao mar... Só que já era hora de voltar. Às nove da noite, já estávamos em casa - o melhor lugar do mundo!




DESCANSO DAS PLANILHAS
Passada a Maratona de Buenos Aires, resolvi esquecer as planilhas de treinamento. Não deixei de treinar, mas é preciso dar um descanso para voltar forte em 2011. Domingo participei com os amigos da Maratona Pão de Açúcar de Revezamento, mas isso é assunto para a próxima postagem.

Abraços!

Bira

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