No Dia em que Eu Corri na Montanha...

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Correndo na Montanha, recorte e colagem com Gimp, Bira - 27-01-18.

No Dia em que Eu Corri na Montanha...


Amigos!

No dia em que eu corri na montanha, pude ver, lá do alto, o mar espelhando o céu. Uma infinidade de azuis invadiu os meus olhos enquanto o vento desceu das nuvens para me acariciar. Vi a espuma branca das ondas imitando o movimento branco das nuvens. No entorno da trilha, onde eu trotei, o capim criou olas agitadas pela brisa. O deslocamento não me permitiu observar a beleza de uma flor semi oculta na relva. Mas percebi o coletivo das flores espalhadas ao longo do caminho, então elas passaram a correr do meu lado... Foi incrível descobrir que as flores correm, expelindo polem e borrifando perfume! Foi surpreendente perceber que as borboletas amarelas piscam, feito vaga-lume, no abrir e fechar das asas de um voo imprevisível. Fiquei surdo no zunir de um vento forte e repentino, que abafou o piado dos pássaros. Mas eu sabia que as aves estavam por perto, saboreando sementes ou devorando insetos. Volta e meia, elas plainavam naquele vento e ficava fácil entender porque vivem cantando.



No dia em que eu corri na montanha, tive a recompensa por todo esforço que fiz, durante os anos que treinei na cidade. Foi assim que ganhei condições de subir a montanha. Disputando espaço com os automóveis, reivindiquei uma faixa de asfalto para treinar. Meu cenário era limitado pelos muros e paredes pichadas. Em alguns momentos, pelo viaduto sombrio onde um casal de mendigos dormia e se escondia do céu. Mais adiante, uma vitrine exibia flores sequestradas, talvez na montanha. Outras vitrines vendiam frascos de perfume extraídos de outras flores. Passarinhos assustados procuravam árvores para pousar. Borboletas dormiam, de dia, para se travestir de mariposas, de noite, e depois morrerem tontas de tanto girar em volta de uma luminária. Se os ventos da cidade assobiavam, era prenúncio de chuva forte, com possibilidade de enchente. Se a chuva caísse, terminaria mais um treino para mim.

No dia em que eu corri na montanha, é bem possível que eu não estivesse pisando ali. É bem possível que aquela montanha fosse fruto da minha imaginação. Um lugar ideal para correr e se encantar com o mundo, onde o azul não tem limites. Um descampado sem muros, paredes, coberturas e medos. O inverso do subúrbio da cidade onde eu nasci. Uma fuga, um abrigo, um trono no topo do mundo! É que a energia que flui na montanha repercute pela vida inteira. Pouco importa se o corredor ainda nem tenha, de fato, chegado até lá. Mesmo que ele suba a montanha no seu último dia de vida. A energia da montanha regredirá para o seu passado. E todo o passado se transformará, mostrando que não existe o impossível. E toda a história da vida do corredor valerá à pena, visto que lhe conduziu até a montanha!

No dia em que eu corri na montanha, justifiquei meu passado e num passe de mágica vi tudo mudar!

Abraço!

Bira.



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