A Missão do Barreirista.

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(...) Aos 56 anos, Geraldo ainda exibe um porte atlético, fruto de uma vida dedicada ao esporte. Aos 13 foi campeão estudantil de salto em altura e, aos 14, melhor do mundo no salto triplo (1970) (...) 

De pé, à direita, o treinador Geraldo Aluísio Rodrigues auxilia um atleta na execução do abdominal.












A Missão do Barreirista

Amigos!

Para ele todo dia útil começa às cinco da manhã, quando acorda, toma café e banho e se arruma. Depois, vai para o Estádio de Atletismo Célio de Barros, onde chega antes das seis.

Se o dia clareia revelando o vermelho da pista e o azul do céu, também revela arquibancadas verdes como o gramado central de onde Geraldo observa seus atletas em movimento.

Se o barulho crescente do trânsito, lá fora, abafa piados dos pássaros, guindastes começam a se mover na imensa obra de reforma do Maracanã, ao lado.

Se os equipamentos gigantes, fincadores de estacas, não desviam o foco dos atletas na pista, o Professor já começou a orientar os seus pupilos.

- Tenho mais de 30 alunos entre corredores, saltadores e arremessadores aqui no Célio de Barros onde estou desde 2008 - revela, o treinador.

Alunos como Helena Strumm, 45, (foto ao lado) terceira colocada no geral dos 12k de Bombinhas Adventure' 2012 - duríssima maratona trail run, em Santa Catarina, que comenta:

- Só ganhei, treinando com o prof. Geraldo Aluisio! Descobri meu potencial seguindo criteriosamente as planilhas que ele me passou. É um trabalho fabuloso e focado na individualidade de cada atleta.

Helena, que começou a correr no asfalto há apenas dois anos, conheceu Geraldo no ano passado e hoje integra a equipe de atletismo do Vasco da Gama (por ele treinada). Frequenta os pódios dos torneios masters de atletismo e afirma:

- Geraldo é fantástico! Onde ele for, estarei por perto!

Aos 56 anos, Geraldo ainda exibe um porte atlético, fruto de uma vida dedicada ao esporte. Aos 13 foi campeão estudantil de salto em altura e, aos 14, melhor do mundo no salto triplo (1970). No ano seguinte, ergueu o Troféu Brasil de Atletismo da categoria 110 metros. Tais resultados o levaram para quatro estágios práticos e técnicos na Alemanha,  entre 15 e 18 anos. De volta ao Brasil, prestou serviço militar na Aeronáutica, conquistando numa competição entre as três Forças, nada menos do que oito provas de atletismo e até basquete. Como "prêmio", teve dificuldades de conseguir sua baixa para cursar a Faculdade de Educação Física. Para consegui-la, foi preciso recorrer ao Ministro da Educação. Formou-se na UERJ em 1976.

Ainda com 19 anos, foi fazer uma prova para ser Técnico de Atletismo na Marinha. Quando deparou com seus concorrentes, técnicos experientes na faixa etária de 40 anos, achou que não teria chance. Durante a seleção, no entanto,  foi reconhecido e apresentou sua experiência nos cursos da Alemanha. Resultado: Entrou para o Colégio Naval.

Enquanto treinava a equipe da Gama Filho (de 1984 a 89) um atleta lhe procurou pedindo ajuda nos treinos. Como resultado, o corredor Flávio Godoy obteve cinco títulos consecutivos de campeão brasileiro, nos 800 metros, e chegou às Olimpíadas de Atlanta'86 (vídeo).


Nesse mesmo período de Gama Filho, entre seus 90 alunos corredores, arremessadores e saltadores, havia um que não conseguia "vingar" em nenhuma categoria. Odilon Tupy era alto, tinha 18 anos e braços magros, impróprios para o perfil de um arremessador de disco. Mesmo assim, Geraldo pediu que tentasse um arremesso que, para espanto todos, foi excelente. Então foi hora de aplicar em Odilon o que aprendera nos quatro estágios da Alemanha.

Durante quatro meses, submeteu o atleta a um trabalho natural - sem uso dos tradicionais equipamentos de academia, mas apenas com o peso corpóreo. O resultado foi tão surpreendente quanto o primeiro arremesso de Odilon: um ganho de 10 cm de hipertrofia muscular (na foto abaixo: antes e depois). 


Perguntado sobre o que é mais importante para um atleta, o treinador nem pensa e responde:

- Disciplina... Para você ter um exemplo, na Marinha, os atletas nem tinham tanto tempo disponível para treinar. Mas pelo simples fato de ter hora certa para dormir e se alimentar, obtivemos grandes resultados.

Com mais de quarenta anos de pista, de penta-atleta a treinador, Geraldo sonha encontrar talentos olímpicos e direcionar os novos técnicos, para por em prática toda a sua capacidade profissional. Suplantar barreiras é a missão do barreirista.

Geraldo competindo este ano nos 110 m do campeonato de veteranos do Rio de Janeiro.


Abraços!
Bira.
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2 comentários:

Gilmara disse...

Bira, bela homenagem ao nosso querido Geraldo, pessoa pela qual tenho muito carinho e admiração. Tive o privilégio de conhece-lo ano passado no célio de barros onde me orientou como tirar mais proveito do meu esporte favorito.
Faz tudo com muito amor e dedicação!
Parabens Geraldo, que Deus te conserve assim!

Beijao
Gilmara Maciel

Unknown disse...

Excelente matéria e justíssima homenagem! Excelente pessoa, grande conhecimento do funcionamento do corpo humano, grande profissional! Se por duas vezes a vida lhe tirou às vésperas de duas Olimpíadas, certamente a quantidade de vidas que transformou superam em muito várias medalhas olímpicas. Parabéns Mestre Geraldo! Obrigado por ter sido seu atleta durante 7 anos!
Douglas T Carnevale Oliveira