terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Além do Blog XIII - Maratona 85 (Bolero de Ravel).

A Série Além do Blog está de volta, apresentando uma nova versão da postagem Bolero de Ravel - onde eu relatei minha primeira corrida e longo período que fiquei parado:

Recorte do Jornal do Brasil com 9 mil corredores largando na Maratona do Rio'85, no Leme, às quatro da tarde.

Amigos;


Além do Blog XIII - Maratona'85 (Bolero de Ravel).

Praia do Leme - Rio de Janeiro, 15 de junho de 1985, 16h.

Momentos antes do início da prova, imensas caixas de som começaram a tocar o Bolero de Ravel do alto de um palanque. A magnífica música tomou conta do Leme, mesclando o som suave de flautas com uma marcação grave e ritmada. O volume da batida ia aumentando gradualmente e se misturava com o pulsar dos corações de 9.000 maratonistas. De repente ouviu-se um tiro de canhão e foi dada a largada na Maratona do Rio'85!


Até hoje eu não entendo direito como eu fui parar no meio daquela massa compacta de corredores que tentavam se deslocar no afunilamento da largada. Eu tinha 25 anos e não tinha feito nenhum treino para a primeira corrida de minha vida... Isso mesmo!... Eu nunca havia corrido prova nenhuma, mas resolvi encarar 42 km! Naquele momento, no entanto, eu sequer pensava nisso. Eu estava tomado de emoção e tentando não chorar logo no início.

O sol já se recolhia atrás dos prédios que margeiam a orla. Suas sombras já cobriam os atletas, prenunciando a noite do outono carioca. Completar aquela prova já seria um grande feito para mim. Me tornar da tarde para a noite um maratonista seria algo insano e maravilhoso!... Será que eu conseguiria?

>> clique nos botões para curtir e compartilhar esta postagem, no final do texto. 

Não lembro que marca de tênis eu usava, só sei que eram inadequados. Aliás, um amigo que entende do assunto me disse que os piores tênis, de hoje, seriam melhores que os melhores tênis daquela época. A camiseta furadinha da prova, no entanto, era um avanço diante das antigas camisetas de algodão. Minha estratégia foi revezar entre correr e caminhar. Assim, completei a prova quase cinco horas e meia depois.

Animado, voltei a correr a prova no ano seguinte, com largada épica, na Ponte Rio-Niterói. Também corri e completei a Maratona de São Paulo. Destas feitas, eu já treinava um pouco - só que por conta própria - e consegui melhorar o meu tempo de prova. Foi então que comecei a sentir cólicas renais e descobri que tinha cálculos nos dois rins. Para completar, sentia dores nos joelhos depois dos treinos. Resisti o quanto pude, até que entreguei os pontos e parei.

No dia em que desisti de correr sentei-me no sofá para aplicar gelo no joelho e liguei a TV. O gelo derreteu e eu fiquei ali parado por mais de 20 anos!

Como não dá para descrever todo esse tempo de sedentarismo, aqui, eu proponho que imaginemos ele passando em slides, na tela daquela TV, na seguinte sequência de fatos:


1987- o estouro de champanhe no reiveillon...
1988- vai começar o show do Roupa Nova no Teatro Rival;
1990- Alemanha é campeã na Itália;
1997- revelada ao mundo a clonagem do primeiro mamífero, a ovelha Dolly;
1999- dormir ouvindo flash back na Rádio Antena 1;
2001- aviões derrubam Torres Gêmeas;
2003- Lula veste faixa presidencial;
2005- passeio com a família em Macaé;
2006- esforço para vestir a calça apertada;
2007- Feliz Ano Novo!... Levanta e desliga essa TV!...

Lá em casa ninguém acreditou quando desliguei a TV e falei: "Vou voltar a correr!"

Era julho de 2007 e eu falava sério. Ao voltar, deparei com o mundo da corrida totalmente mudado. Tinha revistas especializadas, tênis de pisada e camisetas de poliamida. Fazer descobertas aos 48 anos foi incrível para mim!... Quis correr todas as provas e ganhei novos amigos. Criei esse blog para reforçar o meu envolvimento.

*           *          *


Os Sonhos Não Envelhecem...

Quando, certo dia, escolhi que seria maratonista era década de 80 e eu tinha 25 anos. Eu não sabia direito onde estava me metendo, tive problemas e acabei desistindo. O tempo passou e eu voltei, 22 anos depois. Tudo parecia ter mudado, menos a minha cabeça de sonhos. Mas os sonhos não envelhecem, apenas trocam de pele... Agora, minha pele de corredor está trocando de novo, aos 56 anos!


LEIA TAMBÉM: O Relato detalhado desta MINHA PRIMEIRA MARATONA clicando AQUI.


Abraços!
Bira.


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