sábado, 29 de janeiro de 2011

Tropeçando em Borboletas

Amigos!

De olho na Maratona de Porto Alegre voltei atreinar na grama, como fiz ano passado. O local é o mesmo: o maior canteiro do Trevo das Margaridas, com aproximados 650m de circunferência, ao lado do Shopping Via Brasil - quase pronto para inaugurar - e início da Rodovia Presidente Dutra, em Irajá.

Assim começa a temporada de treinos regulares - seriedade na brincadeira - onde o piso fofo é fundamental para  proteger joelhos e calcanhares.


Mas a grama não é apenas um piso macio. Ela interage com nosso corpo e nossa mente. O atrito do tênis no gramado, o cuidado que se tem para não pisar em buracos ou galhos, os estálidos das folhas secas, o grilo que salta desesperado ao ver um "gigante" se aproximando, o formigueiro ameaçador, o casal de quero-queros e seus piados de alerta, o urubu devorando um despacho e o sol, que dá cor a tudo isso, bronzeando minha pele e cozinhando meus miolos...


A grama absorve a luz do sol para transformá-la em verde-vida. Onde há muitas que árvores impeçam a projeção do sol, não há grama.

Essa energia que o gramado absorve, parece subir pelas pernas de quem corre ali. Então, o tempo passa como aquela minúscula borboleta amarela voando em zigue-zague, rente às folhas de grama, cruzando de repente á minha frente. Para não pisá-la, tropecei em seu rastro e nem me lembro se caí, já que cair, neste cenário, é apenas um detalhe.

Abraços!
Bira.

domingo, 2 de janeiro de 2011

O Rio e Eu

Amigos!

Acabo de chegar do primeiro treino, no primeiro dia de 2011. Em meio ao mormaço de meio-dia (só acordei às 11h) corri pelas ruas vazias do subúrbio. Na Av. Brás de Pina, Vila da Penha, o asfalto novo estava negro, liso, macio e por uns momentos sem carros. Eu me senti o dono da rua e fiz até aviãozinho no meio da pista, já que uma das coisas que o corredor não deve esquecer é de brincar de correr. Foi uma hora e quinze minutos de treino despretencioso, até eu chegar em casa.

 O público começa a se deslocar para subir ao palco e ver de perto os painés de Portinari

Na quinta-feira passada, à tarde, estive no Theatro Municipal para ver os painéis de Portinari, Guerra e Paz. Assisti ao breve documentário exibido antes das cortinas se abrirem, para revelar, no palco, as gigantestas telas que o Governo Brasileiro doou à ONU, a pouco mais de 50 anos, ou seja, a um pouco mais da minha idade (51). Fiquei emocionado quando os refletores se acenderam revelando os quadros. Demorou alguns instantes para que a platéia retomasse o controle das mãos e aplaudisse, naquele momento mágico. Refleti sobre o atual grande momento que a minha cidade atravessa. O Rio que não é só dos cariocas, mas do Brasil e do mundo. Essa cidade que foi sendo esvaziada, cultural e economicamente, coincidentemente desde que os painés de Portinari partiram para Nova York e o título de Capital Federal, para Brasília.

Vistos do palco, os painéis não cabem no foco da máquina.

Carioca, eu vivi meio século vendo o Rio pagar o preço pela ousadia de sempre se opor ao Regime Militar, elegendo políticos do antigo MDB - a aposição consentida. Depois da anistia, tivemos o atrevimento de eleger Leonel Brizola recém chegado do exílio. Aprofundaram-se crise e esvaziamento. A Direita precisava enfraquecer o Rio, foco do pensamento e da resistência. Perdemos empresas para o interior paulista e o centro da cultura foi cooptado pelo dinheiro de São Paulo. Sobrou-nos os arrastões nas praias e nas linhas vermelhas...

Pastilha por pastilha, os restauradores ainda removem áreas do piso...

Quando o Rio venceu, a pouco, a disputa para sediar as Olimpíadas, nós cariocas vibramos como nunca. Aos poucos, a expectativa vai se confirmando e a cidade ressurgindo. Parece mentira que estamos saindo da estagnação e eu, que corro nas ruas do Rio - fazendo disso minha reforma particular - sinto muito mais identidade com esta cidade que se estende para muito além do calçadão.

...do magnífico restaurante do Theatro Municipal.

Este ano volto a malhar para reforçar a musculatura e atingir melhores marcas. Se tiver bem e conseguir treinar devidamente, talvez faça uma maratona de aventura em agosto, lá em Santa Catarina. Também penso fazer uns mosaicos em paredes da minha casa - painéis com pedaços de azulejos. Se o Rio está ficando ainda mais belo, por que não a minha casa?...

Desejos a todos um Feliz 2011!

Abraços!

Bira