Não Existem Dois Treinos Iguais ou Entre A Sombra E A Luz.

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(...) Corria, como se apenas correr fosse o bastante. Corria, como se não existisse uma sombra diante de mim, deslizando no asfalto e denunciando a beleza do por do sol às minhas costas (...)


Montagem com recorte de sombra sobre textura de asfalto - Bira, 27-01-16.

Não Existem Dois Treinos Iguais ou Entre A Sombra E A Luz.

Amigos!

Foi correndo e olhando minha própria sombra comprida, projetada no asfalto, diante de mim, que pensei:

-- Não existem dois treinos iguais...

Foi quando eu passava pela enésima vez naquela rua, pelo mesmo e velho percurso. Quando eu cruzava as mesmas esquinas, diante das mesmas paredes pichadas. Ignorando as casas que não trocaram de cor, esquecendo dos motivos de estar ali correndo. Corria, como se apenas correr fosse o bastante. Corria, como se não existisse uma sombra diante de mim, deslizando no asfalto e denunciando a beleza do por do sol às minhas costas.

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Foi quando eu passei a enxergar o por do sol sem precisar virar para trás. Via apenas o seu reflexo na paisagem banhada de ouro, à minha frente... Eu precisava continuar correndo. Não dava para virar e olhar diretamente para o ocaso e seu encanto. Enquanto isso, os carros passavam ao meu lado com os quebra-sóis arriados. Correndo em sentido contrário, eu tinha medo que eles não me enxergassem na margem da rua.

-- Não existem dois treinos iguais... - voltei a pensar.

O trajeto e eu parecíamos os mesmos, mas esses detalhes de sombra e de luz denunciavam a diferenças. Dentro de mim, outro universo habitava. Produzindo sombras de ansiedade e insegurança de um lado, ou da esperança que brilhava feito o sol, no lado oposto. Minha lição, naquele momento, seria perceber que as sombras são fruto da luz que me banha.

Ainda demorou um pouco para que os postes e faróis se acendessem na estrada. Antes disso, passei a buscar por outros detalhes que tornassem aquele treino singular. Resolvi mudar minha própria atitude, e passei a acenar para as pessoas que me observavam, no caminho. Na maioria das vezes fui correspondido, trocando sorrisos e vibrações positivas.

Quando escureceu, de fato, eu ainda estava correndo nos 17 km de subúrbio. Minha sombra voltou a se deslocar no asfalto, toda vez que eu passava sob um poste iluminado. Quando o transito ficou intenso e as luzes dos faróis ofuscavam meus olhos. Fui bombardeado por seus fachos. Naquela hora, eu corria ao lado de um paredão, onde minhas sombras se multiplicaram. O movimento dos carros fazia elas correrem desordenadas na tela de pedra. Viajei no pensamento, imaginando que os faróis projetassem, ali, minhas inseguranças e ansiedades em forma de sombras confusas. Então sorri, me dando conta que eu estava embebido de suor e devaneio.

-- Não existem dois treinos iguais... - agora, eu sabia de fato.

Abraços!
Bira.



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