Muito Além do Gosto e da Forma

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(...) Todas as mães de Irajá, que hoje seriam bisavós ou tataravós se foram. Ficou Dona Alzira, na velha casa número 1 (...) 

Trinco caiado da caixa de luz na varanda da casa de minha mãe - um design perdido no tempo.

Muito Além do Gosto e da Forma

Amigos!

Eu não tinha previsto fazer esta postagem que está saindo por impulso. Faltam dez minutinhos para meia noite, de domingo, e eu acabei publicar algumas fotos do aniversário de minha mãe no Facebook. Ela fez 86 anos e reside na mesma casa há aproximadamente 60. Fica em Irajá, onde ela fez sua pequena festa. Sim... É aquele mesmo bairro, que possui um cemitério e uma Academia Irajaense de Letras e ainda é satirizado pelo seriado Pé Na Cova, da TV Globo. Mas eu já falei de ambos aqui: do bairro e da minha mãe. Na postagem Onde Estão as Flores eu mostrei em verso e prosa um pouquinho da história esquecida de meu bairro natal - ex-sesmaria do Rio de Janeiro. Na postagem Amor de Mãe eu falei de Dona Alzira...

Voltando ao aniversário, não havia nenhuma das antigas amigas de minha mãe ali. Dona Didi, Déa, Ondina, Helena, Isaura, Otuma, Nilva... Dentre as que eu me lembro neste momento - todas já se foram. Todas as mães de Irajá, que hoje seriam bisavós ou tataravós se foram. Ficou Dona Alzira, na velha casa número 1. Outro dia mesmo eu estava pensando nos meus planos de não morrer tão cedo e lembrei que minha longeva mãe convive com o lado ruim desta conquista: não ter amigas de mesma geração, ao lado, para estender a mão trêmula e ganhar uma fatia de bolo. Muitas já repousam no céu ou jazem a setecentos metros dali, no cemitério de Irajá. Dona Alzira, no entanto, continua firme - a ponto de eu poder ousar e soltar uma piadinha (que ela nem ouviu) logo depois dos "Parabéns pra você":

- Pronto mãe... Já cantou parabéns e agora a senhora pode partir... o bolo!

Objetos da casa de minha mãe - Bira, 13-05-2014.


Ocupei-me em tirar fotos dos presentes, mas de repente comecei a notar melhor os objetos da casa humilde da minha mãe. Porta-retratos, flores de plástico e relógio de parede... Achei que tudo merecia um registro de imagem. Quem me percebeu não entendeu minha atitude - mas aqueles objetos são como os idosos desprovidos do encanto de outrora, muitas vezes invisíveis num canto.

Passei as fotos do celular para um álbum que fiz no Facebook com a seguinte descrição:

Ninguém continua fisicamente belo aos 86 anos... A essa altura, o conceito DECORAÇÃO pode também se transformar na simples expressão: "de coração", além do gosto e da forma!... Objetos da casa de Alzira... do álbum:

https://www.facebook.com/ubiracy.rezende/media_set?set=a.10202450402244851.1073741870.1338007251&type=3&uploaded=16 

Eu não tinha previsto fazer esta postagem, ela saiu por impulso... Agora já são meia-noite e quarenta e cinco.

Abraços!
Bira.


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